Noite 3 (Uma Alma num Contrato)



Noite 3 (terça-feira)

         Apesar da reprovação de Marco em relação à floresta, Félix queria descobrir mais acerca daquela mulher. Lembrava-se de ter visto Elói e queria ter a certeza de quem eram os outros e porque estavam lá.
         Saiu pela janela por causa dos pais de Marco. Dirige-se para a floresta. A lua brilhava, o que acontecia há algum tempo fosse qual fosse a sua fase. Naquela noite era lua cheia. “Lua cheia? Ontem era lua crescente. Estranho”, pensa Félix.
         Ao longe Félix vê o edifício. Apesar de abandonado emanava uma beleza sobrenatural. Ele aproxima-se e bate à porta. Não há resposta.
         - Olá! Está alguém? É o Félix. – grita.
         A porta abre-se com um ruído seco. Entra e segue o corredor até à poltrona vazia onde se lembrava de ter estado sentado na noite anterior.
         Rapazes e mais rapazes cercam-no.
         - Ele voltou. Quer ficar no nosso lugar e tirar-nos Alix. – diziam olhando-o com desprezo.
         De repente um cheiro a rosas envolve-os e um raio de luz vindo da lua incide naquela mulher misteriosa que Félix tanto ansiava por tocar. Ao seu lado vinha Elói.
         - Félix, querido, vieste fazer-me uma visita? – pergunta Alix reduzindo a distância entre eles, passando por um corredor feito pelos rapazes que o cercavam à segundos atrás.
         - Bem, sim. Mais ou menos.
         - Hum… Não me parece que eu tenho sido a única razão para vires cá, estou correta?
         - Sim. Eu gostaria de falar com o Elói.
         A cara de espanto com que todos ficaram foi impossível de esconder. Alix vira costas e chama:
         - Jony!
         - Minha senhora. – responde um rapaz saído das sombras.
         - Vem comigo. Tenho um assunto a tratar contigo. – lança um sorriso a Elói e Félix. – Demorem o tempo que quiserem. E afasta-se para o interior do edifício, seguida por Jony. É quando Félix repara nas costas de Alix. “Aquilo são asas?” pergunta para si mesmo olhando as asas brancas de Alix que faziam lembrar duas nuvens que desejava algum dia poder abraçar.
         - Vocês não têm mais nada que fazer? Dispersem! – grita Elói para a multidão.
         Os rapazes começam a ir para os seus quartos ou para outros sítios da mansão.
         - Eles obedecem-te? – pergunta Félix.
         - Sim. Respeitam-me por eu ser o mais próximo de Alix. Mas senta-te.
         Eles sentam-se num sofá encostado a uma das paredes, que Félix não tinha reparado existir.
         - O que querias falar comigo? – interroga Elói passando um sumo a Félix que tinha tirado de um mini frigorifico que se encontrava ao seu lado.
         - Eu fiquei curioso. Há uma semana que desapareceste, os teus pais estão preocupados, polícia anda louca à tua procura e dos outros e vocês estão aqui todos sem quererem saber da vossa vida!
         - A nossa vida agora é a Senhora Alix.
         - Mas porquê? O que aconteceu? O que é ela?
         - Vou responder a todas as tuas perguntas mas, tens de prometer não revelar a ninguém, Félix.
Félix reflete durante um bocado. Ele queria saber a verdade, só isso interessava.
- Eu prometo.
Elói consente.
- Tudo começou há uma semana, no dia em que desapareci. No final das aulas eu e os meus amigos e colegas de turma tínhamos combinado ir até à clareira na floresta jogar futebol. Há algum tempo que sentíamos vontade de ir lá, como se uma voz chamasse por nós mas, os nossos pais não deixavam e diziam que era perigoso.
- Mas nesse dia vocês foram.
- Sim. As aulas acabaram e fomos todos para a clareira. A princípio tínhamos a sensação de estarmos a ser observados mas com o tempo passou. Não demos conta e quando nos apercebemos já estava a escurecer. Disse-lhes “vamos embora, está a ficar tarde” mas, eles disseram que era só mais um jogo, só mais um penalti. Fiquei e continuamos, mas no final quando estávamos para ir embora alguém chutou a bola e ela foi parar dentro de um arbusto. Ofereci-me para a procurar mas, ela não estava em lado nenhum. Foi quando apareceu, bela e a brilhar com uma graciosidade magnífica.
Os olhos de Elói brilhavam de prazer enquanto falava de Alix.
- Apareceu quem? A Alix? – incentivou Félix para Elói continuar.
- Ela trazia a nossa bola na mão e perguntou-nos “é isto que andam à procura, rapazes?”. Eu aproximei-me e ela deu-me a bola. Ela sorria para mim e eu perguntei quem era ela e o seu sorriso alargou-se e ela respondeu “o meu nome é Alix. O que fazem tantos rapazes bonitos aqui? Já está a ficar tarde, se quiserem podem ficar comigo esta noite. Depois podem escolher ficar a viver comigo ou partirem.” Nós seguimo-la. A maioria ficou e os que partiram acabaram por voltar.
- Mas porquê?
- Pela mesma razão que tu. Curiosidade, aventura, desejo.
- Desejo?
- Não negues. Sabes bem que te sentes atraído por ela. Todos nós sentimos.
- Mas por alguma razão ela escolheu-te a ti. Tu próprio disseste que és o mais próximo dela!
- Nem sempre isso é bom. O facto de estar separado dela custa-me mais do que estar uma semana sem comer e beber. E só de saber que a esta hora ela está sozinha com o Jony… Quanto mais próximo dela és, mais desejo sentes. É por isso que não te sentes tão atraído, porque não lhe és próximo.
- É por isso que os outros não gostam de mim?
- É. Eles têm medo de serem trocados e muitos ciúmes. Apesar dela evitar estar connosco isso não muda.
- Evitar estar convosco? – pergunta Félix confuso. – Mas ela costuma estar aqui.
- Fisicamente, Félix. Tocar-nos.
- Ah! Desculpa não tinha percebido. – diz Félix com um ar atrapalhado. – Mas Elói, o que ela é?
- Um anjo.
- Anjo?
- Sim.
Félix queria saber mais mas Elói não dizia nada. Por fim pergunta:
- Não vais voltar?
- Não posso. Morreria se me afastasse da Alix.
- Mas a polícia…
- Não podes contar. Tu prometeste.
- Sim eu sei. Mas hoje fui interrogado e acho que meti a Natacha em problemas.
- A Natacha? Porquê?
- Porque disse aos polícias que tinha visto uma mulher igual a ela mas de cabelo preto na floresta.
- Isso é um problema. Não podes chamar a atenção para aqui ou a polícia vai começar a investigar.
- Eu sei.
- Agora é melhor ires. Está a ficar muito tarde e amanhã tens escola.
Elói acompanha Félix à porta.
- Não vens mesmo? – pergunta Félix esperançoso.
- Não posso. – responde Elói.
Eles despedem-se com um abraço e Félix vai-se embora. Quando Elói tranca a porta e vira-se, Alix está sentada na poltrona.
- Ele foi embora? – pergunta.
Elói consente afirmativamente.
- Melhor assim. É um rapaz interessante mas provoca o caos entre os outros. – diz Alix para o ar.
Elói chega perto dela e pega-lhe na mão beijando-a. Olha Alix nos olhos e pergunta:
- Posso dormir contigo esta noite?
- Já te expliquei que ainda não estás preparado. Eu não quero perder-te Elói. Por enquanto vamos esperar, pode ser?
Elói acena que sim com um ar triste no rosto. Alix pega-lhe na mão e leva-o.
- Vem, vou levar-te ao teu quarto para poderes descansar.
Eles saem do salão, ficando este vazio, apenas com a luz do luar como convidada.

(...)

Comentários

  1. Awwwn estou amando *-------* peguei meu favoritismo pelo Félix como já lhe disse, mas mesmo que seja um anjo, acho essa Alix muito suspeita. Na verdade sou mais fã dos anjos caídos mesmo xD

    Cátia-san escreve muito bem *--*
    Agora aguardo ansiosa o seu dia Dani-senpai!!!

    Beijiinhos

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  2. Ahhh estou adorando esta historia ^.^
    Muito bom mesmo >.<
    E amie este blog, tá tão moe, já sou seguidora, tá?
    Beijinhos.

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    1. Olá ^^ obrigada! que bom que gostas do blog ^^ fico contente por seres seguidora e bem-vinda! =D

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    2. Arigato *---*
      Etto... desculpa estar a perguntar, mas quando é que é o prózimo capítulo? (É que eu quando começo ler uma coisa só fico em paz e harmonia quando a acabo de ler).

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    3. Não tenho a certeza... talvez amanhã. Tenho coisas da escola por fazer então não posso dar certezas ^^"

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  3. Aii Misa-chan eu coloquei algo no meu blog que poderás gostar.
    Beijinos

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  4. Misa-chan tenho um desafio para o teu bog lá no meu +.+

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  5. Olá, desafio no Jornal Anime^^
    http://cc-jornalanime.blogspot.pt/2012/06/desafio-outro.html

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